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desequilibrado, desalinhado, descentrado
(…) Eis em resumo, o inventário dos conhecimentos deste aluno, que podemos considerar o estudante completo, o aluno-tipo:
Extremamente forte em sintaxe. Conhece todas as figuras da gramática e da retórica. Distingue todos os metros e todos os géneros de eloquência e de poesia. Não tem a mínima ideia da civilização romana, mas traduz sofrivelmente Tito Lívio. Sabe optimamente os nomes de quase todos os rios, mares, ilhas e cabos. Acha com facilidade o áureo número e as espactas. Sabe quem foi Semiramis, Nero, Cleópatra, Mafoma, Saúl e outras personagens. Dá rapidamente as definições de entimema, silogismo, dilema e outros raciocínios. Também diz com prontidão o que é absoluto e tem opiniões acerca do livre-arbítrio e da imortalidade da alma. Traduz Noel e Laplace e a selecta inglesa do Sr. Ferraz.
Perguntei a este jovem sábio se sabia o que era o pão que tinha comido pela manhã ao almoço? Não sabia. Por que subia o azeite na torneira dos candeeiros? Também não sabia. O que era o fígado? O cérebro? O que era o vento? O Vapor? O pára-raios? As correntes atmosféricas? As marés? Os planetas? As correlações dos vales e dos rios? A evolução dos vegetais? Nada disto sabia. Ele conhecia a história de Nero, de Calígula, de Alexandre, de Atila, de Heliogábalo, de todos os guerreiros, de todos os conquistadores, de todos os tiranos, de todos os monstros. Indaguei se conhecia igualmente história dos grandes benfeitores da humanidade, se saberia os nomes daqueles que descobriram a vacina, a circulação do sangue, o galvanismo, a imprensa, o telégrafo eléctrico, a navegação a vapor; se tinha alguma ideia da obra dos grandes artistas, de Velásquez, de Beethoven, de Miguel Ângelo, de Mozart, de Bernardo Palissy. Nunca ouvira falar nestes nomes. Ignorava igualmente os dos escritores que mais se dedicam pelo bem, pela verdade e pela justiça, dos que mais contribuíram para a libertação do espírito, para a felicidade do homem, Santo Agostinho, Lutero, São Tomás, Fénelon, Morus, Froebel, Proudhon, Michelet.
Finalmente, Exmº Senhor, a cabo de sete ou oito anos de estudos, aquele rapaz que passara a sua infância sobre os livros, que lhes sacrificara o seu desenvolvimento físico, que estava pequeno, magro, linfático, anémico – ao cabo de tantos sacrifícios, aprovado em todos os seus exames – tinha a sua cabeça inteiramente vazia!
(…) Aprende-se tudo, menos a discorrer, a descobrir, a pensar, a sentir, a sentir conscientemente, analisando, criticando, dominando a sensação. Tem-se uma educação por via da qual se pode chegar a ser um bacharel, um deputado, um escritor, um empregado público, talvez um sábio, mas nunca um homem.
Ramalho Ortigão (1883): “As Farpas – II” ; Clássica Editora
Hugo Chávez está a fazer na Venezuela, o que o Alberto João gostava de fazer na Madeira: calar todas as vozes discordantes.
No fundo, o que faz o Fidel Castro; o que fez Berlusconni; o que fez Estaline; o que fez Hitler; o que fez Salazar; o que fez Franco; o que faria Cunhal se tivesse chegado ao poder; e o que fará o PS se se perpetuar no poder - veja-se o caso Charrua.
É triste observar, no século XXI, estes retrocessos civilizacionais, perante a (quase) indiferença geral. É o reflexo duma profunda crise de valores e duma sociedade cada vez mais individualista e resignada.
M. Pinto
Joe Berardo, grande accionista individual do BCP, grande coleccionador de arte e grande investidor na Bolsa, afirmou que não estava para andar a sustentar o nível de vida de Jardim Gonçalves (fundador do BCP) - deslocar-se de avião constantemente e sempre rodeado de guarda-costas. É assim mesmo. Ao que consta, Joe Berardo leva uma vida espartana - tipo funcionário público, com a progressão na carreira congelada. E também consta que não tinha necessidade disso.
O. Miguel
Teixeira dos Santos vai descongelar a progressão nas carreiras, em 2008. Nada tenho a opor. O problema do ministro é que se descongela, já não pode voltar a congelar. É elementar meu caro Teixeira: as progressões e os aumentos salariais são como os alimentos. Não se precipite senhor ministro!
P. Ribeiro
Fátima Felgueiras está a ser julgada. A uma pergunta de uma jornalista, respondeu que se sentia muito bem naquela situação. Eu sinto-me bem quando estou de férias ou a fazer feliz alguém. É a chamada biodiversidade.
M. Orlando
(...)
Mas como ousaste vir do imenso reino,
P'ra onde regressar, férvida, aspiras,
Até este local baixo de trevas?
"Se tanto queres saber, eu te direi,
De pronto e breve", tornou ela então,
"Que medo aqui não tenho de descer.
Medo só nos inspira do mal
Pode exercer o dano sobre alguém.
Dos outros nada havemos que temer.
Feita fui por Deus em sua graça, tal
Que a vossos males impassível fico;
Nem me assolam as chamas deste lume.
Dante - A Divina Comédia ("O Inferno")
Afinal, Mário Lino estava em Gibraltar, quando afirmou que não se devia construir um aeroporto no deserto ou seja, na margem Sul. Estava efectivamente a referir-se ao Mar Mediterrâneo, enquanto toda a Comunicação Social, um pouco desatenta, pensou que ele se estava a referir ao Rio Tejo. O esclarecimento foi dado por Almeida Santos, que se encontra em Fátima, a fim de pedir à Nossa Senhora protecção, para todas as pontes sobre o Rio Tejo, que se encontram sobre a mira de grupos terroristas extremistas.
M. Pinto
Criança angolana aguarda pacientemente que Eduardo dos Santos concretize a compra dum novo avião: um Boeing 767-400, por 100 000 000 de euros. Gostava de andar de avião com o nosso querido presidente, antes de morrer - confidenciou o petiz ao "Oligofrénico". O gabinete presidencial diz que está a estudar o assunto.
M. Ribeiro
Segundo os jornais, a Câmara Municipal de Setúbal está a beira da ruptura financeira e a maioria dos seus membros executivos está constituída arguida. A presidente diz que não está minimamente incomodada com o assunto. A senhora tem razão: em termos autárquicos, isto é uma situação perfeitamente normal, de Norte a Sul do país. Estamos em assustadora decadência moral e ética!
O. Pinto
A Câmara Municipal de Lisboa tinha (ou tem) 194 assessores. Destes, 63 colaboravam directamente com o professor Carmona Rodrigues. O problema não é a quantidade. O problema é que eram todos necessários, segundo o presidente cessante. É mesmo gozar com o contribuinte.
Viva o poder autárquico!
M. Orlando